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Ninho vazio: possibilidade de mudanças

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Por Camila da Costa Olmos Bueno (CRP: 06/7756-8)

Habitualmente, recebo em meu consultório mães e pais perdidos e angustiados devido à saída dos filhos de casa. Quando essas pessoas não buscam psicoterapia podem ficar deprimidas, entediadas, mal-humoradas, inseguras, raivosas e confusas. Os motivos da saída dos filhos são vários: um intercâmbio, cursar uma faculdade em outra cidade, o casamento, um emprego em outro estado, ou até mesmo um sinal de independência manifestado pela vontade de morar sozinho.
Esses motivos são diferentes, porém observo que comumente a seqüela é a mesma: a sensação do ninho vazio. Muitos desses pais relatam que devido a essa situação, suas vidas perderam o sentido. Isso é algo que me preocupa bastante, pois acredito que ninguém deva ser o centro de nossas vidas, pois sendo assim, essa pessoa terá o poder de nos deixar muito felizes, mas conseqüentemente de nos deixar muito tristes. É preciso não transformar a família como único projeto de realização.
Observo que esses pacientes costumam ver apenas o lado negativo dessa questão, mas toda situação tem dois lados. No caso de um intercâmbio ou do curso de uma faculdade em outra cidade, o filho está se desenvolvendo intelectualmente. Quando o motivo é um novo emprego, ele está evoluindo profissionalmente. Quando a questão é o casamento, existe o desenvolvimento afetivo. E quando o motivo é morar sozinho significa independência emocional e financeira. Ou seja, em todos os casos, as mudanças dos filhos manifestam sinais de independência, amadurecimento e crescimento e é preciso se atentar a isso para não ser egoísta e egocêntrico.
Dessa forma, a psicoterapia tentará auxiliar esses pais a enxergar as novas direções das vidas dos filhos como possibilidades de mudanças em suas próprias vidas aos níveis pessoal e conjugal. Tento fazer esses pacientes se conscientizarem dos momentos de suas vidas em que não tinham tempo para a prática de um esporte, para sair com os amigos, para fazer um trabalho voluntário, para ter um relacionamento mais próximo com o cônjuge, entre tantas outras coisas, devido ao enorme tempo que dispensavam para cuidar de seus filhos. O quero dizer é que o atual momento é propício para canalizar energias para novos feitos, novos projetos e novas posturas diante da vida.
Acredito ser essencial refletir que a vida é cíclica. Em um determinado dia, também saímos de nossas casas, deixamos nossos pais para progredirmos, o que é algo natural no ciclo da vida. Penso que possa ter se cumprido o ciclo de pais e filhos morando numa mesma casa, mas isso não significa que os filhos deixaram de ser filhos e que os pais deixaram de ser pais.
Na verdade, o ninho vazio manifesta que os filhos cresceram e foram buscar suas felicidades. E qual pai e qual mãe não deseja isso para sua prole?
 
 
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