Núcleo de Gestalt Terapia Integrada
 

Ansiedade e Culpa: malefícios do passado e do futuro

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Por Camila da Costa Olmos Bueno (CRP: 06/7756-8)

Freqüentemente recebo em meu consultório pacientes vivendo em tempos distantes do aqui - agora. Alguns moram no passado: lembram-se de pessoas com quem se relacionaram e as mantém vivas no presente ao se relacionarem com imagens cristalizadas delas. Outras pessoas focalizam as experiências passadas como as únicas que foram prazerosas e positivas. Outras carregam um grande fardo no presente pelos acontecimentos do passado: “Eu deveria ter executado melhor aquela tarefa” ou “Eu não deveria ter dito tal assunto”. Lamentam-se pelo que poderiam fazer e pelo que não deveriam ter feito, manifestando culpa e angústia.
Costumo exemplificar com a paisagem de um rio. Imagine que neste momento, você vai até um rio. Ao seu redor, você enxerga muitas árvores sem folhas, um céu azulado e ao se abaixar próximo ao rio consegue se ver nas águas cristalinas. Depois de um tempo, você retorna ao mesmo cenário. É um tempo de chuvas e por isso o céu está acinzentado, as árvores ao seu redor estão cheia de folhas verdinhas e as águas do rio estão turvas, impedindo que você veja sua imagem refletida. Perceba que é o mesmo rio e a mesma pessoa, porém não é mais nem o mesmo rio, nem a mesma pessoa. Moral da história: mudamos com o tempo e as coisas ao nosso redor também mudam.
Existem também aquelas pessoas ansiosas que residem no futuro. Muitas vezes suas vidas são permeadas por pensamentos catastróficos: “Como será que estarei daqui a tantos anos?”, “Será que entrarei na faculdade?” “Será que um dia me casarei?” “Será que conseguirei um emprego?” Imaginar o pior traz ansiedade. Outras pessoas se projetam no futuro com antecipação do prazer e com esperança. O fato é que imaginar o que está por vir como algo melhor ou pior é ilusão.
O futuro é um tempo incerto e vazio e investir energia nesse tempo distante é cair nesse vazio. Percebo também que algumas pessoas utilizam o futuro para se auto-sabotar, adianto para o amanhã aquilo que poderiam começar a realizar agora. Fazem promessas futuras para si próprias: “Daqui há uma semana começo a dieta; No mês que vem inicio o projeto; Daqui há alguns dias começo a estudar.“ Agindo dessa maneira, estão cada vez mais se distanciando dos seus recursos e potenciais. Estão se limitando de alternativas reais.
Penso que não é porque não estamos numa segunda-feira que não é tempo de iniciar um regime, assim como não é porque hoje ainda não se tem o livro necessário que não se possa começar a estudar. É preciso lançar mão de outros recursos e se perguntar: “O que eu posso fazer hoje para dar início aos meus objetivos?”
É essencial canalizar as energias para concretizações no presente. Embora não se possa voltar ao passado e corrigir um antigo erro, pode-se aproveitar a experiência adquirida para acertar no presente. Da mesma maneira, embora não possa se projetar no futuro pode-se mobilizar recursos do agora para atingir seus propósitos futuros. Por isso, é importante que o indivíduo dialogue consigo mesmo e se questione: “Como tenho conduzido minhas energias no presente? Qual o passo concreto que posso dar hoje na direção do que quero alcançar amanhã?”
É importante ter a consciência de que o passado já se foi e que o futuro ainda não é. A única coisa que realmente temos: é o aqui e agora. A vida é agora. Nunca houve um tempo em que a vida não fosse agora, nem haverá. O passado aconteceu no agora assim como o futuro só acontecerá quando for agora.
Afastar-se do presente significa desviar atenção do que é realmente possível fazer, assim como significa afastar-se da mobilização de energias para o que pode ser realizado agora. Dessa maneira, o trabalho psicoterapêutico mobiliza o indivíduo a pensar no presente: “O que está se passando dentro de mim nesse momento? O que quero nesse momento? O que posso fazer agora?”
É preciso aceitar, entender e viver o agora. Que tal dar esse PRESENTE para si mesmo
 
 
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