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Terapia de Casal

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Por Camila da Costa Olmos Bueno (CRP: 06/7756-8)

A terapia de casal é cercada de mitos. Alguns acreditam que é uma solução mágica para a relação, enquanto que em alguns casais a decisão de se separar já está tomada e o indivíduo busca a terapia a fim de efetivar essa escolha. Já em outros casos, é bastante comum a preocupação de que a terapia poderá trazer à tona a separação, sem que o casal a queira. A terapia não obriga o sujeito à decisão alguma por considerá-lo um indivíduo ativo, autônomo e autor de sua própria vida. Na verdade, o grande objetivo é torná-lo independente e fazê-lo retomar sua capacidade de fazer escolhas.
O casamento é um investimento dos dois envolvidos e quando apenas um quer fazer funcionar, a relação poderá fracassar. Por isso, gradualmente em terapia de casal os parceiros vão se distanciando de culpas e se conscientizando de suas parcelas de responsabilidade que contribuíram para os conflitos da relação.
Esse processo tem como grande objetivo fazer com que cada indivíduo entre em contato e manifeste como percebe a relação conjugal, de modo a analisar se conseguiram ou não realizar tudo o que gostariam, quais são as expectativas de cada um em relação ao outro, o que estão e o que não estão dispostos a fazer.
Muitos casais desiludidos com a relação conjugal lutam para manter o casamento em prol dos bens comuns, dos filhos, das aparências, sem perceberem quanto poder podem estar dando a essas coisas. Costumo dizer que aquilo que tem poder de unir um casal, também tem poder de desunir.
Percebo que alguns casais têm dificuldade de tolerar intimidade e proximidade, enquanto que outros estão tão próximos a ponto de se anularem. São pólos opostos, excessos e costumo dizer que tudo em excesso é venenoso. Aos poucos, a terapia de casal vai trazendo a consciência de que na relação é possível se doar sem se anular.
Alguns outros manifestam uma relação de dependência emocional em relação a (o) parceiro (a). Quando isso acontece, a terapia vai trabalhar na conscientização de que o sentido da vida não pode ser uma outra pessoa e que é necessário encontrar um sentido independente da outra pessoa. O amor cresce no espaço que existe entre dois indivíduos. É preciso haver espaço pra crescer e estar próximos demais ou longe demais é não haver espaço algum. É como o ditado: ”nem tão longe, nem tão perto”. Tanto a dependência quanto a independência são ruins para a relação, já que a dependência pode estar denunciando carência e falta de auto-apoio, enquanto que a independência traduz auto-suficiência. Por isso, o ponto de equilíbrio seria a interdependência que pressupõe que dois indivíduos estão separados com uma intersecção em comum: compartilham afinidades, interesses e objetivos comuns.
Acredito que nossa cultura pouco nos ajuda a lidar com as dificuldades e, muitas vezes por isso, muitos casais não percebem que caso queiram, podem aprender com seus desapontamentos a fim de construir uma relação mais harmônica, segura e feliz. A mudança só ocorre com a conscientização e o reconhecimento de que a união falhou e aceitar os erros é o primeiro passo para a reconstrução da relação. Faz-se igualmente importante analisar em quais pontos a relação falhou. Quando observamos uma cachoeira, podemos perceber que ela teria pouca graça sem o barulho das águas. O som existe por causa das pedras e as pedras são sempre vistas como “problemas no caminho”. A moral da história é que os problemas trazem conseqüências positivas como aprendizado e amadurecimento.
Um casal e uma relação madura são conquistados através de experiências tristes e dolorosas causadas por perdas, mas é preciso querer e tentar amadurecer juntos. Outras relações têm um ciclo de começo, meio e fim e muitas vezes, em terapia, o casal percebe que já cumpriu seu papel de desenvolvimento e aprendizado. E neste sentido, o mais importante é aceitar que o casamento terminou e que o ciclo se completou. Mas, se por outro lado, os dois envolvidos ainda estiverem dispostos a fazerem concessões e investirem na relação, significa dizer que reconstruir a união pode ser positivo e a terapia de casal poderia ajudar nesse processo. Por isso, é importante pensar que as vezes que um casal se levanta são muito mais importantes que os tombos que eles levam.
 
 
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